sábado, 31 de outubro de 2009

Uma Curtinha

A mulher já estava cansada das cobranças do marido em relação a arrumação da casa, da elaboração do jantar e coisas afins. Queria muito mandá-lo ao inferno, mas as coisas não funcionam assim. Mas ela conseguiu, da seguinte forma:
- Amor, você me cobra tanto para eu trabalhar aqui em casa, só porque você passa o dia inteiro trabalhando, acha injusto eu não trabalhar, né?
- Eu faria o mesmo por você, querida!
- Pois então saiba que não sou nenhuma santinha, e provavelmente quando morrer devo pagar pelos meus pecados... no inferno.
- Você acha mesmo isso?
- Acho sim, e de acordo com o seu raciocínio, você também vai. Se você me cobra por trabalhar todo dia, vou te cobrar para sofrer por toda a eternidade!

sábado, 24 de outubro de 2009

A Independência da Dependência

Deus só existe pela necessidade do ser humano em depender de outros. Os deuses surgiram dessa necessidade, e o pensamento religioso evoluiu mais rápido que a sociedade, chegando à criação de um deus supremo over power total perfeito, a coisa mais próxima da realização da dependência humana. O meu ponto é: nós somos dependentes, mais do que isso, nós necessitamos de sermos dependentes. A questão é: como podemos satisfazer nossa dependência se a moda da sociedade é o individualismo? O matrimônio é o método mais antigo de satisfazer nossa dependência, mas o casamento hoje é uma instituição falida pelo fato de que nós precisamos nos mostrar individualizados para a sociedade, negando a nossa dependência pelo cônjuge. E esta prática acaba sendo utilizada dentro de casa; e esta prática vira hábito; e então o hábito vira rotina; o casal se confunde; e disputam entre si; e então viram rivais; se sentem heróis e seu par, o vilão; e vilania significa ser culpado de tudo; e então a culpa é sua; e sem você ficarei melhor; e nesse instante o casamento acaba; e entra nas estatísticas que provam que realmente é uma instituição falida; e depois disso tudo bate a nossa natural dependência; e logo casamos de novo. É como abrir uma sorveteria na Antártida, e depois de fechá-la com muito prejuízo, ir tentar abrir uma sorveteria nova num outro lugar, tipo a Groelândia.
"Sabe por que não dá certo a prostituição masculina? Porque homem não vale nada".
"Atrás de um grande homem, há uma mulher. Atrás de um fracassado, duas".
"Quando produzirem um cortador de grama que troque pneu e que venha com vibrador, os homens entram em extinção".
"Depois de ter feito o mundo e Adão, Deus desistiu do projeto e resolveu avacalhar tudo".

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

(des)Conto de Fadas

Na Universidade, aprendi coisas interessantes, novas ideias, como a "História dos Vencidos" e "Desconstrução do Texto". Então, no limiar do ócio humano, resolvi elaborar uma oficina chamada Descontos de Fadas, que é a desconstrução de clássicos dos contos infantis na ótica dos vencidos, pelo simples prazer de provar à todos que aquilo que acreditamos e seguimos costuma ser imparcial, mostrando somente uma parte dos acontecimentos. Participe postando um Desconto de Fadas.

O conto A Princesa e A Ervilha virou:

A Ervilha e A Déspota Herdeira

"É pelo bem da coletividade", falou o Nabo à todos os presentes, na décima terceira reunião da semana da Liga dos Vegetais, entidade popular formada por representantes dos vegetais plantados. Os Jilondinos, à direita do parlatório achavam, amargamente, um exagero; os Feijacobinos, à esquerda, se inchavam achando pouco demais; os Arrozinos, simples acompanhantes de ideias e habitantes dos alagados, ficavam no meio, esperando uma definição. O plano revolucionário de acabar com a tirania dos reis que, ao realizarem festas e banquetes, desperdiçavam quilos e quilos de comida, sacrificando em vão muitos companheiros vegetais, estava montado. E os executores do plano estavam ali, solenemente sentados assistindo a assembleia. O Abóbora, o Cogumelo Silvestre e o Ervilha já sabiam o que fazer; trabalhando juntos, Bob (abóbora) e Silvestre conseguiriam colocar Erva (o ervilha) dentro do castelo, para matar o rei e iniciar a revolução.
Bob prendeu o pé de uma princesa quando ela caminhava pelo jardim, e só a soltou no final do dia. Enquanto isso, Silvestre se misturou aos champignons (elite dos fungos que se vendeu à nobreza por status) e foi parar na cozinha do castelo. À noite, a princesa bate à porta do castelo, suja e cansada, e vai direto para a sala de jantar, faminta, sem saber que Erva estava escondido e um dos seus bolsos. O efeito que Silvestre causou foi o planejado: totalmente chapada, a princesa diz que quer ser rainha, e a rainha, também sob efeito do cogumelo, diz que para ser rainha teria que dormir em cima de 20 colchões. Dessa forma, Erva poderia se esconder sem ser esmagado, para que pudesse engasgar o rei na madrugada.
Mas eles foram traídos pelas uvas, que por se transformarem no belo vinho e na nobre champagne, deixaram a princesa embriagadíssima e, por causa da ressaca, acordou no meio da noite reclamando de dor nas costas. Quando foram examinar os colchões, encontraram Erva escondido e, após sua resistência feroz, acabou morrendo heroicamente nos dentes de um guarda real.
Apesar do fracasso da missão, a bravura dos mártires Erva e Silvestre e a resistência de Bob motivaram e fortaleceram as futuras gerações que, incansavelmente, lutaram e perderam todas as vezes que se rebelaram contra a tirania absolutista da nobreza.

domingo, 4 de outubro de 2009

Cosplay

Quando acontece o inverso? Em vez de vivermos nossas aventuras no outro mundo, vivemos elas aqui mesmo, paralelamente. Isso quando o objetivo de um cosplayer não é competir pra ver se é o mais parecido. Quando ele faz por diversão, ele curte legal a ideia. Achei uns na net que me lembram minha infância e juventude. Alguns são engraçados.






Comente as fotos que usarei como legenda delas!

sábado, 3 de outubro de 2009

Arrependei-vos, pois estás próximo da loucura

Quem nunca se arrependeu de uma decisão tomada, que atire a primeira verdade na cara. Estou tão cheio de arrependimento que beiro a insanidade. Nunca possuí auto-perdão, e isso agrava mais ainda a situação. Mas não ache que é remorso; as pessoas confundem muito. Falo de "se eu pudesse voltar no tempo, faria diferente". Arrependo de ações que tomei desde os 3 anos. Arrependo-me de ter mudado de escola quando tinha 15 anos, pois seria um profissional realizado. Arrependo-me de ter mudado de cidade aos 16, decisão tomada por mim, pois seria um profissional realizado financeiramente também. Arrependo-me de ter acelerado meus estudos, aos 17, pois teria conhecimento suficiente para galgar um caminho acadêmico que me satisfizesse, já que o caminho que trilhei se tornou incovenientemente frustrante. Arrependo-me de ter iniciado um relacionamento sério aos 18, pois teria vivido a minha juventude, que se foi como uma paisagem na janela do trem. E aí vai, ano após ano, colecionando arrependimentos. Arrependo do que fiz com o dinheiro que recebi de herança da minha avó materna, que não tinha nada de avó, quanto mais de materna. Por esse dinheiro ter sido a única coisa realmente boa que aquele anticristo me proporcionou, deveria tê-lo usado só para mim, para realizar pequenos sonhos, e desfazer alguns desses arrependimentos. Não fui egoísta, mas deveria ter sido. Ah, esse é o meu maior arrependimento! Todos aquelas pessoas que ajudei esqueceram da ajuda em menos de um ano (na verdade em menos de 3 meses), e hoje sou cobrado pela falta de dinheiro ou de suporte, algo que eu teria se tivesse feito a coisa certa (para mim). Esse é o pior de todos, o meu demônio, que atormenta minhas idéias e rouba minha paz. A cada vez que alguém me critica ou me cobra, o demônio me morde e cada vez mais fico ferido. Mas como todo animal ferido, fico recolhido e agressivo, e cada vez mais feroz, e cada vez mais solitário. A minha história agrava meu caso. Há muito tempo atrás, quando morava em Maceió, fui para a inauguração de uma grande praça pública. Estava lotada, e como tudo que é público no país, estava lotada de gente humilde e também de gente ignorante. Dos humildes surge um rapaz, deficiente mental que, eufórico com o cenário, compra vários pacotes de salgadinho e sai, como chapeuzinho vermelho, saltando e distribuindo o lanche para as pessoas da praça. Mas quando as pessoas ignorantes percebem, avançam como uma horda para cima do rapaz, tomam-lhe os salgados, assustam, intimidam, ofendem, e partem para a agressão, por pura diversão. A alegria dele se tornou um pesadelo, de verdade, e em pânico e em prantos, ele foge... Hoje me sinto como um retardado numa praça de Maceió e, pior do que isso, sinto as pessoas que me cercam como uma horda de ignorantes que tripudiam da minha bondade, um defeito de nascença, que era a minha maior característica. Olho para aqueles que amei e só vejo o demônio, meu demônio, meu arrependimento. Um Leviatã montado de todos meus arrependimentos. Paradoxo: cada vez estou mais feliz na tristeza da minha solidão. Queria nunca mais voltar a sentir a bondade pura, pois ela é a razão de todos os meus arrependimentos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Reverbera Sons - Killing Joke

Como toda saga, o caminho da Neuropsicodelia possui a sua trilha sonora. Para cada vivência no seu outro mundo, existe uma música aqui para relacionar. A questão está em você quiser procurá-la, ou encontrá-la. A busca pela música-chave leva-nos a conhecer o universo da produção musical, da criação, da criatividade. E a cada passo nessa trilha, vamos armazenando cultura, erudição e sabedoria. Eis alguns trechos do meu caminho:

KILLING JOKE

Entrou na minha vida quando, sem pretensão nenhuma, comprei o álbum Pandemonium usado numa modesta loja no Centro Histórico da minha cidade, Parahyba. Achei a capa bem curiosa e dei uma breve conferida nas faixas, ali mesmo na loja. Isso foi em 1997. Repare bem nas letras; são o que tem de melhor, mesmo sabendo que o que prende inicialmente é o som que eles produzem.