domingo, 15 de novembro de 2009

Novos Escravos


Tive a oportunidade de ter mais uma nova experiência na minha vida: um amigo meu me indicou para trabalhar como "extra" num famoso bar da cidade, como garçom. Estava em casa sem nada para fazer, e entre não fazer nada e aprender como se trabalha num bar, ganhando por isso, aceitei o chamado.
Passei mais de oito horas em pé, sem ter o direito de sentar ou até mesmo de apoiar-me para descansar um pouco as pernas para receber 30 reais, ou seja, 6,45% do salário mínimo atual, sem direito (real) a alimentação, transporte ou algum benefício social. Mas e os 10% de direito? Direito, no Brasil, ou é o nome do curso que gradua bacharéis da lei ou é o oposto de esquerdo. Só quem recebe os 10% são os garçons da casa, os empregados, mesmo assim por imposição sindical. Mas os clientes desconhecem isso, e mesmo achando que está pagando a taxa pelo bom atendimento do garçom, os estabelecimentos não informam da condição do garçom diarista, e se o garçom informá-los, corre risco real e imediato de sair da lista de convocados para os próximos turnos - uma demissão indireta.
Vale então uma dica importante: quando for fechar a conta no bar ou restaurante, pergunte discretamente (ou não) ao garçom se ele é "fixo" ou "diarista". Se for diarista (e te atender bem), informe à casa que optou pelo não pagamento da taxa de 10%, e pague o valor correspondente como gorjeta. Para você ver, nas 2 primeiras mesas que atendi, receberia aproximadamente 10 reais só do "direito" da taxa dos 10%. Ganhando mais (no caso, sem ônus ao empregador) tem-se a prerrogativa de exigir um melhor atendimento do funcionário. O serviço melhora, o estabelecimento lucra mais e fideliza o cliente, o garçom recebe mais e todo mundo sairia ganhando, se não fosse pelo fato de estarmos no Brasil, e aqui a graça é ganhar em cima do esforço dos outros. Pois é!

Um comentário:

  1. Pff!
    Eu não tinha nem ideia disso!!! Hora de prestar mais atenção e dar gorjeta direto na mão do garçom.

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